"Ele sabe o que assusta vocês!"

“Antes era o escuro que metia medo; agora passa a ser a luz...” De uma dimensão para além dos vivos, um terror que aniquila.
Da tela sem vida da televisão vem o horror que nos arrebata...POLTERGEIST, É a destruição apossando-se de uma criança inocente.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Mãe de Heather fala pela primeira vez a Revista People após a morte da filha

Abaixo segue uma publicação de revista People de 13 de junho de 1988, onde ela fala pela primeira vez após a morte de sua filha.

Angustiada, mãe de Heather O'Rourke diz por que ela está processando os médicos de sua filha por morte injusta.

Mãe de Heather O'Rourke: "Minha filha não devia ter morrido"

É uma visão estranha. Uma angelical menina de 12 anos está sentada pacientemente em uma cadeira enquanto um maquiador a transforma em um demônio do inferno. Apesar das circunstâncias, seus fantasmas estão em alta. Ela acha que o filme que ela está fazendo em Chicago, Poltergeist III, será grandioso. "Este é realmente bom. Eu acho que é o melhor", diz ela. Ela tinha apenas 5 anos, quando fez o primeiro filme Poltergeist – O Fenômeno, interpretando uma criança sequestrada por espíritos malignos. Ela diz que gostou do primeiro. Mas Poltergeist II, de 1986, não foi tão bom assim. "Eu achei muito chato", diz ela. "Eu não acho que ele assustaria ninguém." 

Heather O'Rourke concedeu esta entrevista em junho passado. Teria sido mais agradável, Heather viajando pelo país agora, promovendo Poltergeist III, que estreia nesta semana. Mas em 01 de fevereiro, sete meses depois que ela terminou de filmar, Heather morreu de parada cardíaca, pulmonar e choque séptico, resultado de uma obstrução intestinal que não foi diagnosticada em tempo. 

A notícia foi surpreendente. Como poderia uma popular estrela infantil morrer assim tão de repente? A mãe de Heather, Kathleen O'Rourke Peele, 38 anos, está furiosa com o que ela acredita ser a resposta. No mês passado, ela entrou com uma ação no Superior Tribunal de Justiça no Condado de San Diego, na Califórnia, alegando que a doença de sua filha foi diagnosticada erroneamente, eventualmente causando a sua morte. Os réus são o Hospital Fundação Kaiser Permanente Southern Califórnia e a Medical Group, um plano no qual os pacientes são tratados por uma equipe rotativa de médicos. Kathleen afirma que ela recebia tratamento desde 30 de março de 1987. O Dr. James Tipton do Hospital Kaiser Foundation de Los Angeles diz que não havia "evidência radiográfica conclusiva para a doença de Crohn (uma inflamação crônica do intestino). "A ação judicial acusa que a operação realizada em Heather no dia em que ela morreu no Hospital e Centro de Saúde Infantil de San Diego, afirmava conclusivamente que ela não tinha a doença de Crohn, mas uma obstrução intestinal aguda devido a uma estenose congênita. "Foi uma obstrução intestinal que provavelmente esteve presente desde o seu nascimento", diz Kathleen. "Os raios X tirados, se examinados corretamente, teriam revelado que este era o tipo de condição que deveria ter sido tratada cirurgicamente. "Diz o porta-voz do Kaiser, Alan Mann: "Revisamos exaustivamente o caso e estamos certos de que o diagnóstico feito e os cuidados prestados, foram precisos". 



O advogado de Kathleen, Sanford Gage, de Beverly Hills, está alegando danos não especificados. "Eles cobrem tanto a perda pessoal (o estresse emocional sofrido pela mãe de Heather) e a perda econômica", diz Gage. "A perda econômica é difícil de projetar, mas a partir de um levantamento preliminar, eu diria que estamos falando de uma carreira que foi muito considerável, talvez um valor maior do que US $ 10 milhões." Gage afirma que a ação não foi intencionalmente apresentada de forma a coincidir com o lançamento de Poltergeist III, "Levei três meses e meio em meu escritório para obter todos os registros e os raios X e colocá-los nas mãos de especialistas médicos", diz ele. 

Sentada no escritório de Gage, Kathleen se dissolve em lágrimas ao falar publicamente sobre a morte de sua filha pela primeira vez. "O primeiro mês foi horrível. Eu tive que me forçar a levantar-se, para comer", diz ela. "Fazer compras era quase impossível. O que Heather mais gostava era organizar tudo por cores, de sapatos a brincos. Outra coisa, eu não poderia entrar na cozinha para cozinhar mais. Heather amava tortas, bolos e biscoitos, e eu usava a cozinha para fazê-los para ela. No começo eu não sabia o que eu estava fazendo e pensava: Por que continuar?”.
O primeiro sinal da doença de Heather, diz Kathleen, apareceu em Janeiro de 1987. Heather estava em casa com sua mãe, o padrasto Jim Peele de 45 anos, e sua irmã, Tammy, agora com 16 anos, em sua casa de madeira com três quartos em Big Bear, Califórnia, a 120 milhas a leste de L.A. A casa simples teria sido comprada com o dinheiro que Heather havia ganhado. Kathleen é casada com Jim, um motorista de caminhão autônomo, em 1984, três anos depois de se divorciar de Michael O'Rourke, um trabalhador da construção que é pai de Heather e Tammy). Heather começou a sentir náuseas. Kathleen levou-a para uma filial do Kaiser em San Diego. Ela tinha se inscrito no plano do Kaiser anteriormente pela união com seu ex-marido. "Eu a tinha a levado para o Kaiser três ou quatro vezes naquele mês", diz Kathleen. "Eles me diziam que ela tinha a gripe." 

Depois, os pés de Heather começaram a inchar. Kathleen levou de volta ao Kaiser, onde eles internaram-na no hospital por alguns dias para exames. Eles descobriram que ela tinha um parasita chamado Giardia e deram-lhe uma droga chamada Flagyl para matá-lo. A droga pareceu funcionar. "Essencialmente, Heather estava bem", diz Kathleen. "Você sabe como são as crianças. Eles correm e pulam de alegria". Mas Kathleen, que se considera uma “mãe superprotetora", levou Heather de volta ao Kaiser para uma visita de acompanhamento antes das filmagens de Poltergeist III começarem. "Eles fizeram um raio X depois de lhe deram um líquido branco parecido com giz de um material de bário para beber", diz Kathleen. "E eles descobriram que o parasita havia morrido, mas ainda havia algum tipo de inflamação. Eles concluíram que ela tinha a doença de Crohn, e medicaram-na com cortisona e sulfa." 

Durante o tempo em que estiveram em Chicago para filmar Poltergeist III, de abril a junho, não apareceu nenhum sintoma, diz Kathleen. No entanto, ela demorou para levar Heather a um médico particular para ver se ele dava alta a ela da cortisona, que tinha causado inchaço em seu rosto. "Ela estava um pouco envergonhada de suas bochechas de esquilo", diz Kathleen. Heather foi diminuindo gradualmente a quantidade de remédios, e em setembro o rosto dela voltou a suas proporções normais. "Ela ficou encantada", lembra Kathleen. 

Para comemorar o fim da agitação com as filmagens, Heather, sua mãe e seu padrasto motorista de caminhão e entraram na cabine de seu caminhão com 18 rodas e passaram dois meses, julho e agosto de 1987, dirigindo de Chicago para a Disney World, na Flórida e depois voltaram para L.A. " Foram as férias de uma vida ", diz Kathleen. "A saúde de Heather parecia excelente." 

Pouco antes de estrear Poltergeist III, a família dela havia se mudado de Big Bear (os médicos do Kaiser tinham dito a Kathleen que os parasitas eram mais comuns em regiões montanhosas), para um apartamento grande de dois quartos em Lakeside, Califórnia. Parecia não haver mais nenhum motivo para alarme, até domingo, 31 de janeiro, 1988, quando Heather acordou vômitando. Durante o dia, Kathleen fez Heather beber Gatorade, que os médicos Kaiser haviam recomendado como um remédio para o estômago. Na manhã seguinte, 01 de fevereiro, Heather acordou e informou a sua mãe que estava indo para a escola. "Eu disse a ela: “Não, você não vai!", diz Kathleen, que tentou alimentá-la com algo leve. Ela disse: “Eu não estou conseguindo nem engolir”. Então eu notei seus dedos dos pés estavam ficando azuis, e ela começou a respirar pesadamente. Seu estômago foi crescendo. Liguei para o nosso médico local em seu gabinete e ele disse: “Tragam-na imediatamente para cá!”. Cerca de 20 segundos depois, ela caiu no chão desmaiada. Foi quando eu chamei os paramédicos ". 

Sofrendo de choque séptico, Heather ainda estava consciente quando os paramédicos chegaram. Quando alguém perguntou se ela estava se sentindo mal, ela disse: "Um pouco." No caminho para a ambulância Kathleen disse que ela falou para Heather: "Eu te amo", e Heather respondeu: "Eu também te amo". Essas foram as últimas palavras que mãe e filha trocaram. 

A ambulância levou menos de dez minutos para chegar no American International Hospital Medical em El Cajon, a oito milhas da casa de Heather. Ela sofreu parada cardíaca e perdeu a consciência. Os paramédicos tentaram reanimá-la. Ela chegou lá às 9:25h, e já estava "tecnicamente morta", diz Kathy Beaudoin, a chefe de enfermagem. Depois que os médicos a ressuscitaram, a levaram de helicóptero para o hospital do Centro de Saúde Infantil de San Diego, a cerca de 20 milhas de distância, onde ela chegou às 10: 45h já em estado crítico. Kathleen chego depois no prédio do El Cajon com marido Jim, pois não tinham sido autorizados a viagem na ambulância. 

No Hospital Infantil, Kathleen e Jim foram informados que Heather havia sofrido uma parada cardíaca e que suas pupilas estavam fixas, o que poderia significar que ela tinha sofrido danos cerebrais. Suspeitando de uma obstrução intestinal, os médicos pediram autorização a Kathleen e Jim para realizar uma cirurgia exploratória em seu abdômen. Eles concordaram. Ao abrirem ela, encontraram um intestino obstruído, os médicos corrigiram a obstrução. "Mas já era tarde demais", diz Gage, o advogado. "Ela já estava muito distante". Às 14:43h, ela foi declarada morta. "Eu fiquei em estado de choque", diz Kathleen. "Eu me senti como se alguém estivesse enfiando uma faca em mim e enfiando...". 

O funeral aconteceu em 4 de fevereiro no Lakeside Memorial Chapel. No dia seguinte, ela foi velada no Pierce Brothers, em Westwood, Califórnia. "Em um caixão aberto”, diz Kathleen. Antes do caixão ser fechado, Kathleen pôs um colar de ouro no pescoço de Heather que tinha as letras “FRIEND” penduradas. Ela ficou com a outra parte do colar que continha as letras “MELHOR”, as quais juntas formavam as palavras “MELHOR AMIGO”. “Heather me deu no Natal. Ela costumava dizer a seus amigos que eu não era apenas a sua mãe e sim sua melhor amiga”. 

Kathleen mostra partes de uma colcha de retalhos que ela está fazendo em memória de Heather. Cada quadrado do pesado pano branco, foi impresso em cores diferentes com fotos de Heather, sua família, seus amigos, anúncios dos filmes Poltergeist e fotos publicitárias. "Quando eu perdi Heather, foi como se eu tivesse perdido minha própria sombra", diz Kathleen, segurando as peças ainda soltas em suas mãos. Seja qual for o desfecho da ação judicial, Kathleen diz, "a minha vida nunca mais será a mesma." 

Por John Stark, com Eleanor Hoover em Los Angeles e Peter Keogh em Chicago